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17 Abril
ARTIGO DE OPINIÃO
Alunos produzem artigo sobre Operação Carne Fraca
Autor: Regina Celia

Na disciplina Gestão de Operações em Importações e Exportações, alunos do curso de Comércio Exterior Arthur Marcandali, Eveson Lira, Sophia Landgraf e Thomas Lichtenberger escreveram um artigo de opinião sobre a Operação Carne Fraca, sob orientação do Professor Marcel Andrade Domingues. Confira o resultado na íntegra abaixo:

"Os reflexos da Operação Carne Fraca no comércio exterior

Posteriormente a divulgação de irregularidades nos frigoríficos no Brasil, alguns países importadores como China, União Europeia e Coreia do Sul noticiaram restrições temporárias à entrada de carne brasileira. Consequentemente o Brasil, segundo maior produtor de carne bovina e subsequentemente principal exportador se alerta com os reflexos negativos evidenciados na operação Carne Fraca.

A operação da Policia Federal, intitulada de Carne Fraca, que aconteceu no dia 17/03/2017 investigou um esquema de recebimento de propina por parte de funcionários do Ministério da Agricultura para liberação sem a devida fiscalização de carne para venda. Dentre as irregularidades apuradas, há possibilidade de produtos vencidos e até adulterados terem sido comercializados.

Logo após a divulgação de tais irregularidades, o mercado externo se posicionou de maneira preventiva, e muitos países suspenderam a importação de carne vinda do Brasil. Dentre eles estão os países que mais importam a carne brasileira como Hong Kong 23,90 mil toneladas, China 15,10 mil toneladas e União Europeia 6,5 mil toneladas, dados de fevereiro de 2017.

O reflexo direto dos bloqueios da importação de carne bovina brasileira foi demonstrado nas vendas externas do setor, que no dia 21/03/2017 somou apenas 74 mil dólares, o que corresponde a quase zero perto do movimento habitual do setor que até o dia da divulgação das irregularidades possuía média diária de 63 milhões de dólares. A Associação de Comercio Exterior calcula perda de US$ 2,7 bilhões neste ano, e queda de 20% na exportação do produto.

O prejuízo vai além das perdas de vendas externas, existe a preocupação com os produtos que estão parados nos portos brasileiros e com as cargas que já estão no mar, já que não se sabe se poderão ou não entrar nos países de destino. A União Europeia, por exemplo, anunciou que devolverá ao Brasil os carregamentos das empresas que estejam envolvidas na fraude, já a China por sua vez decidiu reter em seus portos as cargas de carne vindas do Brasil até que esclarecimentos do governo brasileiro sobre as irregularidades sejam avaliadas. O governo federal agiu rápido e entrou em contato com os países que suspenderam a importação, interrompeu as exportações dos frigoríficos investigados e anunciou novo regulamento de inspeção de alimentos.

Quem se beneficia com essas notícias são os países concorrentes na exportação de carne bovina, como a Argentina que vê com grande expectativa a oportunidade de ampliar sua participação no mercado. Situação contrária à ocorrida em 2001, quando a Argentina escondeu um surto de aftosa que após vir à tona, lhe fechou vários mercados pelo mundo. Mas o governo federal brasileiro se apoia na probabilidade dos embargos pelos países importadores durarem pouco tempo, dada à importância do Brasil no mercado internacional e o fato de que não há países que possam suprir a demanda rapidamente.

Diante do cenário apresentado, avalia-se o impacto na credibilidade dos produtos brasileiros exportados, uma vez que os países importadores estudam medidas mais rigorosas para a entrada de mercadorias brasileiras. Uma delas seria o fortalecimento das verificações documentais e físicas. Desse modo não só os grandes exportadores de carne bovina brasileira seriam afetados, mas todo exportador brasileiro sendo ele de pequena, média ou grande empresa. Restando assim a dúvida de quanto tempo levará para que o mercado externo volte a ter confiança na importação de produtos do Brasil e qual será o prejuízo final para o consumidor brasileiro."

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